Globalização e Serviço Social
- Fátima Garcia
- 10 de jun. de 2016
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Com a globalização e o enfraquecimento do Estado Social Nacional, o Serviço Social tem de redefinir o seu papel e missão mantendo-se fiel aos seus compromissos profissionais. Novas regiões globais e a globalização local dos problemas sociais, consolidam a democracia e os direitos humanos. A prevenção de conflitos e a promoção da solidariedade e da paz por via da integração cultural global, são algumas das principais preocupações do Serviço Social Internacional. (Ahmadi, 2003)
“Aldeia Global“ e “Interdependência Internacional” são termos hoje utilizados regularmente; são comuns, mas constituem dramáticas mudanças na forma como as pessoas vivenciam o mundo social. No nacionalismo no século XIX, o Estado-Nação enquadrou a experiência humana moldando identidades pela filiação nacional. Contudo, a consciência global está a emergir e existe maior avaliação do “lugar “no complexo sistema da atividade humana. A profissão dos assistentes também é afetada pela globalização, envolvendo estes profissionais em intercâmbios internacionais, tentando formular uma metodologia prática de Serviço Social abrangendo vastos contactos internacionais. Apesar deste “ajuste” internacional, os Assistentes Sociais estão divididos sobre algumas questões internacionais importante; existe pouco consenso sobre a posição a assumir pela profissão, nestas questões. Persiste o desacordo sobre a natureza do Serviço Social Internacional e o compromisso da profissão para internacionalizar o currículo e a prática do Serviço Social. (Midgley, 2001)
O Serviço Social necessita de eficácia para operar tanto a nível global como local. Os Assistentes Sociais são experientes no trabalho local, mas o Serviço Social Internacional tem sido visto como uma especialização menor, com pouca relevância para a prática convencional (Midgley, 1997). Muitos Assistentes Sociais interessam-se por questões internacionais, mas na sua individualidade, como cidadão privado, em vez de no papel de Assistente Social, não conseguem alcançar que o internacionalismo tem pouco ou nada a ver com a sua prática diária. A realidade, no entanto, é que ele tem de fazer tudo com a prática do dia-a-dia; os problemas dos utilizadores dos serviços são causados tanto por forças globais como por forças nacionais, e não se podem compreender os problemas locais, sem referência a fatores económicos, políticos e culturais globais. (Ife, 2001)
Procura-se o Universalismo no Serviço Social, por via de tentativas por parte de Organismos de Acão Social internacionais para encontrar um acordo sobre uma definição internacional de Serviço Social (Federação Internacional de Assistentes Sociais, 2000) e recentemente sobre as normas de qualificação globais de educação, em Serviço Social (Associação Internacional de Escolas de Serviço Social, 2002). Embora as razões para procurar definir e identificar aspetos comuns da profissão através países e culturas pareçam boas, a questão também é problemática. Como Midgley (2001) assinala, os Assistentes Sociais estão fortemente divididos relativamente a importantes questões internacionais:
- a natureza do Serviço Social internacional;
- o compromisso da profissão na internacionalização da educação e da prática em Serviço Social;
- a universalidade dos valores do Serviço Social;
- o internacionalismo como posição normativa desejável;
- e na natureza do próprio Serviço Social, isto é, se a profissão deve estar comprometida com normas corretivas, ativistas ou formas de desenvolvimento da prática.
Bibliografia:
Ahmadi, Nader (2003), “Globalisation of consciousness and new challenges for international social work”, International Journal of Social Welfare, 12(1):14-23.
Bourque, Denis, Yvan, Comeau,e Louis Favreau, (Eds.), (2007), L'organisation communautaire: fondements, approches et champs de pratique. PUQ
Gray, Mel e Jan Fook (2004), “The quest for a universal social work: Some issues and implications”, Social Work Education, 23(5):625-644
Ife, Jim (2001), “Local and global practice: Relocating social work as a human rights profession in the new global order”, European Journal of Social Work, 4(1):5-15
Midgley, James (1997), “Social Welfare in Global Context”, Sage, Thousand Oaks Calif
Midgley, James (2001), “Issues in international social work resolving critical debates in the profession”, Journal of Social Work, 1(1): 21-35
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