O Serviço Social na prática

Em Iamamoto (2004; 2007, citada por Falcão, 2014:13), reconhece-se que, nas desigualdades sociais (parte integrante do capital), o direito à vida não pode ser delegado para a “solidariedade” dos cidadãos, sendo insubstituível a intervenção do Estado. O Serviço Social atua num contexto histórico específico e produz soluções científicas, metódicas e técnicas para lidar com a “questão social” (Netto, 2011:23-28); defende oprimidos e seres humanos tratados como “inferiores” na sociedade atual. (Falcão, 2014:13)

Desta forma, o Assistente Social na realidade social contemporânea, é um agente crítico envolvido nas lutas sociais; atua junto aos utilizadores das políticas públicas, elaborando-as, executando-as e tornando-as acessíveis. Preocupa-se com o alargamento dos direitos sociais universais, é contra as desigualdades, atua junto aos movimentos organizados da sociedade, propicia meios aos seus utilizadores para o exercício da sua cidadania, elabora políticas públicas de acesso aos direitos sociais garantidos constitucionalmente e atua como mediador de conflitos entre as classes sociais, procurando a igualdade de oportunidades. (Albernaz e Silva, 2009)

Falcão (2014), caracteriza a prática do serviço social, pela promoção e defesa dos direitos sociais numa sociedade desigual, que em vez de lidar com a desigualdade para a eliminar, aprofunda-a, valendo-se de estratégias de controle numa visão formal de justiça e não da sua concretização. Para Falcão (2114), tratar o sentido de justiça numa sociedade desigual e com visões rivais no seu interior em conflito aberto, não é tarefa fácil. A formação crítica em Serviço Social, no seio de uma formação burguesa e onde a ideologia influencia todas as práticas sociais, formação profissional, relações sociais para organização do trabalho específico de produzir saber (entre docentes e discentes, docentes entre si e discentes entre si), não está isenta da interposição da ideologia predominante na sociedade; a importância da pesquisa científica, não revela apenas a urgência de critica à realidade, mas também o compromisso de consolidação da luta para transformá-la, pois como refere Netto (2009, citado por Falcão, 2014:13), além do teórico é fundamental a mediação no cotidiano e confronto das desigualdades, ao encarar a “Questão Social”. (Falcão, 2014:13)

Bibliografia:

Albernaz, Ana Cristina Nascimento Peres e Valéria Gonçalves da Costa Silva (2009), "Assistente Social: um profissional a serviço dos direitos, da cidadania e da justiça social." , Revista da Católica, Uberlândia 1(1)

Falcão, Raquel da Silva Marinho (2014), Serviço Social e direitos humanos: o sentido de justiça e igualdade numa sociedade desigual (a partir da crítica marxista ao conceito de direitos humanos), Tese de Doutoramento, Recife, Centro de Ciências Sociais Aplicadas, Universidade Federal de Pernambuco

Iamamoto, Marilda Vilela (2004), “A questão social no capitalismo”, em Temporalis - Revista da Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social, 2 Ed., Ano 2, 3. Brasília, ABEPSS, Gráfica Odisséia

Iamamoto, Marilda Vilela (2007), Serviço Social em tempo de capital fetiche: capital financeiro, trabalho e questão social, São Paulo, Cortez

Netto, José Paulo (2009), “A questão social na América Latina”, em Temporalis, Brasília (DF), ABEPSS, Ano 9, 18:215-233

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